sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Grupo Cor- Intervenção no Paço das Artes - Vídeo

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Em comemoração dos 40 Anos do Paço das Artes na USP, fomos convidados a fazer uma intervenção artística no Sub-Solo do Paço, como resultado das pesquisas sobre a cor, que também resultou em um livro que será editado pela Cosac Naif em 2011.


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Flusser - Texto e Imagem. Para Ricardo Basbaum e Christine Mello Fasm 2010.

Vilém Flusser foi um filósofo judeu, nascido em Praga em 1920. Teve uma vida muito emblemática para a herança do pensamento ocidental. Procurou um ponto de encontro entre a filosofia e a poesia, era muito rigoroso com os limites da língua, pois foi exímio conhecedor do Francês, Português, Inglês, Alemão. Estudou filosofia em Praga e após a invasão Nazista em 1939, fugiu para Londres, deixando a sua língua materna. Depois foi para o Brasil, onde casou-se em 1940 e se estabeleceu em São Paulo. Integrou-se à comunidade filosófica paulista, principalmente através do diálogo com Vicente Ferreira da Silva. Escreveu seu primeiro livro em 1963. Foi Professor convidado junto à Escola Politécnica da USP, onde lecionando filosofia da ciência; foi fundador do curso de Comunicação Social da FAAP; foi colaborador na Revista Brasileira de Filosofia, no suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo; foi colunista na Folha de São Paulo e na Frankfurter Allgemeine Zeitung, entre outros. Em 1972, mudou-se para a Europa, estabelecendo-se em Robion, na França. Andou muito pela a Europa realizando diversas palestras e em 1992, ao voltar a Praga como convidado para uma delas, morreu em um acidente após a palestra.

“Texto/Imagem enquanto dinâmica do Ocidente” consiste na contradição existente entre o gesto que produz  imagens e o gesto que produz textos. Flusser propôs quatro eventos crucias na história ocidental, que permitem captar a “fenomenologia do espírito ocidental”. Primeiramente, com a imagem se articulou a imaginação, com os primeiros textos se articulou a conceituação, com os primeiros impressos a conceituação foi dominando a imaginação e com as primeiras fotografias veio surgindo uma imaginação nova, com consequências ainda imprevistas. Flusser inicia em Lascaux e avança até os primeiros textos alfabéticos e de lá até os primeiros impressos e enfim até a primeira fotografia. Segundo Flusser este período entre Lascaux e os textos pode ser chamado de pré-história, o que parte da fotografia rumo ao que se segue pode ser chamado de pós-história e o período central, Flusser chama de história no sentido exato da palavra. O acumulo imagem, nesta visão de Flusser, vira alucinação, idolatria. E corresponde a consciência pré-histórica, da magia.

Com os textos alfabéticos lineares, se dá um passo para trás da imagem, a fim de libertar o facínio alucinador que exercem, trata-se de tornar as imagens transparentes paras as circunstâncias que encobrem. Isso implica que os elemento pictóricos sejam transcodificados de idéias em conceitos, substitui a imaginação pela unidimensionalidade do pensamento conceitual, claro distinto e progressivo. Surge uma zona conceitual entre o homem e sua imaginação através da qual o homem vai poder controlar sua imaginação para poder manipular racionalmente os objetos, com esse feedback a zona conceitual vai de desintencificando e as cadeias que ordenam o conceito vão ao extremos e vira textolatria. A historia do ocidente passou a ser dialética entre texto e imagem. Com a invenção da imprensa a consciência histórica passou a dominar a sociedade toda. Isso porque impressos baratos e a introdução da escola obrigatória levam à uma inflação de textos.

Já o gesto fotográfico, trata de dar um passo para trás dos textos, arrancar conceitos dos quais são compostos, de torná-los imagináveis. Dado o feedback entre o gesto e a consciência, o universo das imagens técnicas vai se desintencificando e nova capacidade de imaginar vai surgindo. O que é uma condição pós-histórica segundo Flusser .

Durante a produção de imagens tradicionais o homem recua da circunstância a fim de abarca-la com sua vista. Durante a produção das imagens técnicas o homem recua dos seus conceitos para imaginá-los.

Flusser fecha o texto justificando a condição pós-moderna e associando à conotações apocalíptica. Isso porque as imagens técnicas, que vão emergindo entre nós, também vão absorvendo o pensamento conceitual, critico. Flusser diz que tais imagens vão nos mergulhando na noite escura da imaginação emancipada da critica disciplinada. Toda a história ocidental, nessa luta entre o conceito contra a idéia, se revela uma “comedia dos erros”. Em suma: as imagens novas são a nossa derrota.

Percebo que no texto de Flusser esta contradição entre imagem e texto, de certa forma é o que dá sentido ao mundo. Nossa condição pós-histórica em um mundo globalizado, não significa que vivemos em um mundo uniforme, pelo contrário vivemos com resquícios pré-históricos dentro de nós e isso ainda está convivendo simultâneamente no mundo. Na realidade são níveis de complexidade diferentes. Mas a produção de sentido está principalmente na justaposição entre imagem e texto. Concordo com essa idéia da colagem, à que se referiu Basbaum, vivemos um mundo de colagens, um mundo de certa forma Dadaísta. Está é a condição contemporânea, a condição de produzir sentido às coisas. Talvez por isso que Flusser termina o texto com esta reflexão apocalíptica à respeito da novas imagens e o resultado disso futuramente. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010